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quarta-feira, maio 10, 2006

Capítulo 6

Capítulo 6 - Os insondáveis juízos de Deus e a predestinação dos santos.

11. “São muitos os que ouvem a palavra da verdade, mas uns crêem, outros a contradizem. Os primeiros querem crer, ao passo que os segundos não o querem.” Quem ignora este fato? Mas como naqueles a vontade é preparada pelo Senhor, o que não acontece com os segundos, é preciso distinguir o que vem da sua misericórdia e o que vem de sua justiça. Diz o Apóstolo: Aquilo a que tanto aspira, Israel não conseguiu: conseguiram-no, porém, os escolhidos. E os demais ficaram endurecidos. Como está escrito: “Deu-lhes Deus um espírito de torpor, olhos para não verem, ouvidos para não ouvirem, até o dia de hoje”. Diz também Davi: Que sua mesa se transforme em cilada, em motivo de tropeço e justa paga. Que seus olhos fiquem escuros para não verem, e faze que eles tenham sempre seu dorso encurvado.
Eis a misericórdia e o juízo; misericórdia para a eleição que alcançou a justiça de Deus; juízo para os demais que ficaram cegos. No entanto, os que quiseram, acreditaram; os que não quiseram, não acreditaram. Portanto, a misericórdia e a justiça verificaram-se nas próprias vontades. Pois esta eleição é obra da graça, não dos méritos. Um pouco antes o Apóstolo dissera: Assim também no tempo atual constituiu-se um resto segundo a eleição da graça. E se é por graça, não é pelas obras; do contrário a graça não é mais graça (Rm 11,5-10). Portanto, gratuitamente foi alcançada porque foi alcançada a eleição. Da parte deles não a precedeu nenhum mérito que pudesse ser apresentado antes e a eleição significasse uma retribuição. Salvou-os à custa de nada. Os outros ficaram cegos e receberam em retribuição, como o texto esclarece. Todas as veredas do Senhor são graça e fidelidade (Sl 24,10). Pois são impenetráveis seus caminhos (Rm 11,33). Por conseguinte, são impenetráveis a misericórdia pela qual liberta gratuitamente e a verdade pela qual julga com justiça.