Capítulo 7

SOBRE A MORTE E O JUÍZO

Tal como o diabo opera por todos os meios para nos manter fora de todas as coisas que possam ser catalogadas de boas, do mesmo modo opera para afastar dos pensamentos, tanto quanto pode, tudo sobre uma vida noutro mundo após a morte. Ele bem sabe que se mantiver os homens afastados de pensar na morte, com tanta mais facilidade os manterá dentro de seus pecados.

Nada nos tornará mais sérios naquele labor de operar a nossa própria salvação, do que uma frequente meditação sobre nossa morte. Nada terá maior influência sobre nossos corações, retirando-nos das futilidades e ao mesmo tempo inspirando a nascença de desejos sobre a santidade.

Ó pecador, em que condição te acharás caído quando abandonares este mundo? Se partires sem estares convertido, teria sido melhor haveres sido esmagado assim que nasceste. Teria sido melhor haverem-te arrancado uma costela após a outra; melhor te seria haveres nascido cachorro, uma serpente, uma rã, do que nasceres homem e morreres sem te converteres e me darás toda a razão quando lá chegares.

Um homem seria tido como tolo caso se atrevesse a desprezar um Juiz perante quem deve ainda ser julgado sobre seu estado total. E o Juízo de Deus terá tanto mais peso que um desses, pois tocará nossa felicidade e miséria eternas; e mesmo assim atrevemo-nos a desafiá-Lo?

A única maneira de escaparmos daquele Juízo horrível, é passarmos certas sentenças de juízo sobre nós correctamente enquanto aqui na terra. Assim que soar aquela trombeta, a qual convocará tanto mortos quanto vivos para comparecerem diante do trono de Deus para serem julgados, os justos se apressarão a sair de suas sepulturas, para se encontrarem com seu Redentor nas nuvens. Mas os outros clamarão às montanhas para que caiam sobre eles, para os encobrir da vista daquele Juiz feroz! Vamos então pousar no tempo que nos resta e decidir a qual dos dois queremos pertencer.