Capítulo 4
8. Assim tomais conhecimento sobre o que eu pensava então sobre a fé e as obras, embora me esforçasse em prestigiar a graça de Deus. Vejo agora que esses nossos irmãos abraçam esta opinião porque não cuidaram de progredir comigo do mesmo modo que se interessaram em ler os meus livros. Pois, se tivessem tido esta preocupação, teriam encontrado resolvida esta questão de acordo com a verdade das divinas Escrituras no primeiro dos dois livros que, no começo de meu episcopado, escrevi a Simpliciano, de feliz memória, bispo da Igreja de Milão, sucessor do bem-aventurado Ambrósio. A não ser que não os conheceram e, se assim for, fazei com que os conheçam.
Deste primeiro dos dois livros falei primeiramente no segundo das Retratações, onde me expresso nos seguintes termos: “Dos livros que elaborei, sendo já bispo, que tratam de diversas questões, os dois primeiros são dedicados a Simpliciano, prelado da Igreja de Milão, que sucedeu ao bem-aventurado Ambrósio. Duas das questões, tomadas da carta de Paulo apóstolo aos romanos, reuni no primeiro livro. A primeira enfoca o que está escrito: Que diremos, então? Que a lei é pecado? De modo algum! até onde diz: Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus, por Jesus Cri sto Senhor nosso (Rm 7,7-25). Nesta questão, as palavras do Apóstolo: A lei é espiritual, mas eu sou carnal (Rm 14), e as demais onde se declara a luta da carne contra o espírito, de tal modo expus, como se o ser humano estivesse sob a lei e não libertado pela graça. Pois compreendi muito mais tarde que tais palavras podiam se referir também ao homem espiritual, o que é mais provável.
A segunda questão neste primeiro livro abrange a passagem onde diz: E não é só. Também Rebeca, que conceberá de um só, de Isaac, nosso pai, até o trecho onde afirma: Se o Senhor não nos tivesse preservado um germe, teríamos ficado como Sodoma, teríamos ficado como Gomorra (Rm 9,10-29). Na solução desta questão trabalhou-se certamente pelo triunfo do livre-arbítrio, mas a graça de Deus venceu. E não se podia chegar a esta conclusão, senão entendendo corretamente o que disse o Apóstolo: Pois quem é que te distingue? Que é que possuis, que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que haverias de te ensoberbecer como se não o tivesses recebido? (1Cor 4,7).
O que o mártir Cipriano pretendia demonstrar, define-o cabalmente com este título: “Em nada nos devemos gloriar, porque nada é nosso” (Retratações 1, c.1, n. 1).
Eis a razão pela qual disse acima que me havia convencido desta questão principalmente por este testemunho apostólico, quando sobre ela pensava de modo diferente. Deus me inspirou a solução, quando, conforme disse, escrevia ao bispo Simpliciano. Portanto, este testemunho do Apóstolo, onde ele disse para se refrear o orgulho humano: O que possuis que não tenhas recebido, não permite a nenhum fiel dizer: “Tenho a fé que não recebi”. Toda tentativa de soberba fica assim reprimida com as palavras desta resposta. Mas o seguinte se pode dizer: “Ainda que não tenha a fé perfeita, tenho, contudo, seu começo, pela qual primeiramente acreditei em Cristo”. Isso porque então não se pode responder: O que possuis que não recebeste? E, se o recebeste, por que haverias de te ensoberbecer como se não o tivesses recebido? (1Cor 4,7).
Deste primeiro dos dois livros falei primeiramente no segundo das Retratações, onde me expresso nos seguintes termos: “Dos livros que elaborei, sendo já bispo, que tratam de diversas questões, os dois primeiros são dedicados a Simpliciano, prelado da Igreja de Milão, que sucedeu ao bem-aventurado Ambrósio. Duas das questões, tomadas da carta de Paulo apóstolo aos romanos, reuni no primeiro livro. A primeira enfoca o que está escrito: Que diremos, então? Que a lei é pecado? De modo algum! até onde diz: Quem me libertará deste corpo de morte? Graças sejam dadas a Deus, por Jesus Cri sto Senhor nosso (Rm 7,7-25). Nesta questão, as palavras do Apóstolo: A lei é espiritual, mas eu sou carnal (Rm 14), e as demais onde se declara a luta da carne contra o espírito, de tal modo expus, como se o ser humano estivesse sob a lei e não libertado pela graça. Pois compreendi muito mais tarde que tais palavras podiam se referir também ao homem espiritual, o que é mais provável.
A segunda questão neste primeiro livro abrange a passagem onde diz: E não é só. Também Rebeca, que conceberá de um só, de Isaac, nosso pai, até o trecho onde afirma: Se o Senhor não nos tivesse preservado um germe, teríamos ficado como Sodoma, teríamos ficado como Gomorra (Rm 9,10-29). Na solução desta questão trabalhou-se certamente pelo triunfo do livre-arbítrio, mas a graça de Deus venceu. E não se podia chegar a esta conclusão, senão entendendo corretamente o que disse o Apóstolo: Pois quem é que te distingue? Que é que possuis, que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que haverias de te ensoberbecer como se não o tivesses recebido? (1Cor 4,7).
O que o mártir Cipriano pretendia demonstrar, define-o cabalmente com este título: “Em nada nos devemos gloriar, porque nada é nosso” (Retratações 1, c.1, n. 1).
Eis a razão pela qual disse acima que me havia convencido desta questão principalmente por este testemunho apostólico, quando sobre ela pensava de modo diferente. Deus me inspirou a solução, quando, conforme disse, escrevia ao bispo Simpliciano. Portanto, este testemunho do Apóstolo, onde ele disse para se refrear o orgulho humano: O que possuis que não tenhas recebido, não permite a nenhum fiel dizer: “Tenho a fé que não recebi”. Toda tentativa de soberba fica assim reprimida com as palavras desta resposta. Mas o seguinte se pode dizer: “Ainda que não tenha a fé perfeita, tenho, contudo, seu começo, pela qual primeiramente acreditei em Cristo”. Isso porque então não se pode responder: O que possuis que não recebeste? E, se o recebeste, por que haverias de te ensoberbecer como se não o tivesses recebido? (1Cor 4,7).
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